sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Cem sonetos de amor


III

ÁSPERO AMOR, violeta coroada de espinhos,
cipoal entre tantas paixões eriçado,
lança das dores, corola da cólera,
por que caminhos e como te dirigiste a minha alma?

Por que precipitaste teu fogo doloroso,
de repente, entre as folhas frias de meu caminho?
Quem te ensinou que até mim te levaram?
Que flor, que pedra, que fumaça, mostraram minha morada?

O certo é que tremeu a noite pavorosa,
a aurora encheu todas as taças com seu vinho
e o sol estabeleceu sua presença celeste,

enquanto o cruel amor sem trégua me cercava,
até que lacerando-me com espadas e espinhos
abriu no coração um caminho queimante.


Pablo Neruda
Extraído do livro: Cem 
sonetos de  amor

Espertinho



Tenho dois filhos um mais agitado e outro que parece retardado, logo que percebi a diferença entre eles tratei de levar ao psiquiatra saber o que acontecia com cada um. O agitado é hiperativo e de acordo com a médica o outro não era retardado, apenas tinha um ritmo diferente do irmão e apesar de não parecer é muito inteligente. Voltei pra casa e passei a observar a diferença entre os dois, como cada um agia. Certo vez sentei-me no sofá para descansar depois de um dia cansativa, e olhava meus dois filhos brincando, então o agitado levantou e me disse:
- Mãe quando eu crescer vou comprar um jet ski!
Eu sorri e olhei para o outro filho que estava quieto do outro lado com um carrinho. Então o agitado tornou novamente a me contar seus anseios:
- Mãe quando eu crescer vou comprar um iate bem grande!
- Que bom meu filho!
Respondi e voltei a observar o outro que permanecia no mesmo lugar, eu me perguntava o que se passava naquela mente, o que ele ansiava pra si, será que ele está alheio à nossa conversa? Será que ao menos está ouvindo o que o outro fala, ou não? O que será que ele julga importante pra si? De repente o agitando atrapalhou meus pensamentos com um novo item para sua lista de futuras aquisições:
- Mãe quando eu crescer vou comprar uma casa numa ilha linda!
- Ótimo meu querido!
E os pensamentos continuava me corroendo por dentro, porque ele não participa? Porque não diz nada do que quer? Qualquer coisa. A médica me falou que ele é normal, que tem seu para fazer suas coisas, mas como ele consegue permanecer assim tão quietinho? E o agitado continuou:
- Mãe quando eu crescer vou comprar uma limusine!
- Certo meu filho!
Não aguentando mais, voltei-me para o outro e questionei:
- E você meu lindo vai querer comprar o que?
- Nada!
Não acreditei no que ouvia:
- Como assim nada? Você não quer comprar nada?
- Não.
- Mas por quê?
- Não preciso, meu irmão compra e eu uso o dele!

...Depois desse dia parei de me preocupar, a linha de raciocínio dele é perfeita!!!!!!!

 Autor: Eliana Sodré
Escrito por: Andréa Freitas